Remedinho duvidoso

Dia desses, entrei numa farmácia e vi uma senhora comprando Biotônico Fontoura – o que me surpreendeu, pois achava que ele não era mais produzido no Brasil. Eu, quando criança, tomei muito desse “líquido dos deuses”, assim como as crianças de várias gerações.

O Biotônico Fontoura é um medicamento fortificante e antianêmico, criado em 1910, sendo, atualmente, um dos produtos mais antigos ainda produzidos no país. Segundo o fabricante, ele consiste em um suplemento de ferro utilizado para complementar a alimentação diária e estimular o apetite. Também auxilia na imunidade e energia, sem possuir açúcares.

Agora, o porquê de eu estar escrevendo sobre esse produto. Acontece que, antigamente, a gurizada ficava estranha depois de ingeri-lo. É que tinha na sua composição álcool etílico em uma concentração de 9,5% – maior do que o da cerveja e comparável à do vinho, segundo um parecer do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) de 1995. Que loucura!

Pois, em 2001, a Anvisa obrigou o fabricante a modificar a fórmula e retirar o álcool etílico, pois havia o risco de embriaguez, além de gerar dependência. E, a partir dessa mudança, hoje, ele é encontrado com sabor de frutas, além de outras versões, como suplemento em pó e comprimidos mastigáveis.

Nesse sentido, é interessante pensar em como tudo evolui com o passar do tempo, à medida que os saberes e os estudos vão se desenvolvendo.

Por fim, só para lembrar, outros produtos que a minha geração fez uso e que ainda estão por aí: o Óleo de Fígado de Bacalhau e o Leite de Magnésia Phillips. E todos nós sobrevivemos, mesmo tendo exagerado, por vezes, no consumo desses itens, especialmente o Biotônico Fontoura, que se tomava além do receitado e aí a explicação do “estranho”.

Mas, é sempre importante lembrar que, de acordo com as recomendações dos organismos de saúde, qualquer medicamento ou assemelhado deve ser utilizado sob orientação médica.