Blog do Sarico

Refugiados climáticos


O Rio Grande do Sul está vivenciando a maior catástrofe natural de sua história, em decorrência da crise climática global. Em algumas cidades, onde a água das enchentes já baixou, como na Serra e no Vale do Taquari, já é possível observar a destruição provocada pela força das águas. As imagens são chocantes e inacreditáveis, revelando um verdadeiro cenário de guerra.

Em Porto Alegre e na região metropolitana, os alagamentos não estão dando trégua e, por enquanto, o que se sabe é que a cidade de Eldorado do Sul, que está totalmente submersa, praticamente, não existe mais, dada a devastação causada pela enchente.

O fato é que todos esses lugares afetados terão grandes desafios pela frente. Mas, como reconstruir residências – ou, até mesmo, cidades inteiras – nos mesmos lugares, próximos a rios? E o risco ao qual essas populações estarão submetidas, considerando a probabilidade de que essas catástrofes naturais, infelizmente, se repitam?

O exemplo do Vale do Taquari é claro nesse sentido, tendo em vista que a região foi afetada por uma enchente devastadora há apenas oito meses. As cidades estavam recém se recuperando e já foram novamente pegas de surpresa por esse mesmo terror. Isso não pode mais acontecer, pois o povo não merece passar por tanto sofrimento.

O ideal é que essa reconstrução se dê em áreas mais seguras, longe de encostas e margens de rios. Mas, como transferir as populações para esses locais, fazendo-as deixar para trás o seu habitat, as suas memórias e o apego ao seu lugar de origem? É uma situação dramática, pela qual ninguém deseja passar.

Hoje, todos os gaúchos que estão em abrigos ou que tiveram que se deslocar para outras regiões, para escapar das enchentes ou da devastação causada por elas, são considerados “refugiados climáticos” –tal como os refugiados das guerras e de outros conflitos que aconteceram/estão acontecendo no mundo, os quais perderam todos os seus bens e tiveram que migrar para outras áreas, buscando sobrevivência.

E, infelizmente, tendo em vista as projeções em relação à crise climática, é grande a tendência de que venha a ocorrer, com frequência, fenômenos naturais graves, como enchentes; avanço do nível do mar em cidades costeiras; e estiagens severas. E isso acabará inviabilizando a vida da população em certos locais, fazendo com que as pessoas busquem moradia em lugares mais seguros – aumentando, assim, o número de refugiados climáticos, com o passar dos anos.

É difícil manter a esperança em um cenário como esse. A realidade e as perspectivas futuras são amargas. Hoje, podemos estar seguros nos locais em que moramos, mas, amanhã, não se sabe.

Por fim, destaco que, neste momento, o que podemos fazer para ajudar os nossos conterrâneos é prestar-lhes ampla solidariedade, doando mantimentos e vestimentas, bem como atuando na limpeza e na reconstrução das áreas afetadas. Que sirvam nossas façanhas de modelo à toda a terra.



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Responder Anônimo (1715771036211-70621) Cancelar resposta


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