Blog do Sarico

Adão, o gênio da fotografia


Hoje, 8 de janeiro, é o Dia do Fotógrafo e, aproveitando o ensejo, vou falar sobre um fotógrafo que era um gênio na arte da fotografia numa época em que o profissional tinha de ser bom para criar e eternizar uma imagem sem dispor de tecnologia alguma: Adão Rotta Pezenti. Vou aqui lhe prestar uma pequena homenagem.

Eu gosto muito de fotografia, especialmente as antigas. Dou muito valor a elas por que contam histórias que nos fazem recordar, sonhar e, de certo modo, viver.

Ao longo da minha vida eu conheci bons fotógrafos aqui em Tapera e também fora daqui, inclusive quando na universidade. Mas, sem dúvida alguma, o maior de todos foi o Adão Pezenti, pela qualidade da fotografia, do clique a entrega da foto ao cliente. Com a sua Kodak jurássica e o seu flash manual ele tirava belas fotos.

O Adão tinha a capacidade de analisar o quadro a ser batido com uma câmera com zero de recurso. Ele conseguia ver imperfeições e acerta-las antes de dar o clique. Hoje, com todo este aparato tecnológico a gente ainda apanha para tirar uma boa fotografia. E não é só isso. Na sala escura, ao revelar as fotos, ele conseguia ajeitar as imperfeições sem usar editor de imagens. Tudo no olho.

E ele pedia ao pessoal que ia ser fotografado para se ajeitar e via quem estava com os olhos fechados e com a cabeça mal posicionada, a roupa, as pernas, o cabelo… Quando tudo estava nos conformes ele largava a sua marca registrada: “Olha o passarinhoooo”. Para pegar o melhor ângulo ele subia em qualquer lugar para fazer uma foto.

Em casamentos, ele só não subia no altar, mas nos bancos cansei de vê-lo fazer isso. Afinal, a qualidade precisava ser buscada, sempre.

Eu entrei muitas vezes no estúdio do Adão, na Foto Modelo, que ficava ali na Rua Rui Barbosa, onde hoje, por coincidência, está a redação do JEAcontece, jornal eletrônico do qual sou seu diretor e editor. E peguei muitas dicas com ele. E as mais importantes foram: observar bem o que tem atrás do que será fotografado e a luz certa.

Na entrada, havia dois murais cheios de fotos de pessoas que esqueceram de buscá-las. Na parede, havia vários quadros grandes de pessoas fotografadas, também esquecidas. Havia ainda uma cadeira e duas colunas de madeira daquelas que a gente vê em filmes da Roma ou Grécia antigas que serviam de cenário. O laboratório ficava à esquerda e o escritório na parte de cima do prédio.

Hoje em dia não se revela mais fotografia no quarto escuro, com vasilhames contendo produtos químicos a base de prata e papel. Hoje, se bate a foto e nada mais, ficando tudo armazenada na memória da câmera que faz tudo.

E onde será que foram parar todas aquelas fotos que o Adão tinha em uma caixa no seu escritório? Imagine quanta história tem lá esquecida e desconhecida pelos taperenses.

O Adão Rotta Pezenti, nasceu em Espumoso, no dia 10 de abril de 1936. Em 1943, com 7 anos, veio para Tapera. Em 1948, aos 12 anos, ele já tirava fotografias com uma máquina de pano e às revelava. Ele aprendeu o ofício com Estevão Beux e Ângelo Fernando Pezenti.

Em 1950, aos 14 anos, ele se estabeleceu na Rua Rui Barbosa, na antiga Foto Modelo, onde permaneceu até outubro de 2006.

O Adão foi um dos primeiros a revelar fotografias coloridas na região e acredita-se que no Estado, por que em Passo Fundo ninguém o fazia.

Em 2006, aos 70 anos, ele encerrou as suas atividades fotográficas devido ao uso excessivo de produtos químicos para revelação e também pela concorrência do computador e da internet.

Naquele mesmo ano, ele se transferiu para Paracatu (MG). Em 2011, foi atropelado por uma moto naquela cidade e após quase três meses internados numa UTI, no dia 27 de fevereiro de 2011, aos 75 anos, o Adão faleceu devido a complicações do acidente.

Em 2014, Adão Rotta Pezenti foi agraciado com o título de “Cidadão Taperense” pela Câmara de Vereadores de Tapera. Uma merecida homenagem a quem testemunhou e registrou grande parte da história do município e da sua gente por seis décadas.



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