José Mendes passou por Tapera antes da fama
O cantor regionalista gaúcho José Mendes, que fez sucesso com a música “Para, Pedro!” entre muitas outras, passou por Tapera antes da fama. Ele foi funcionário da Cobra Sul, empresa contratada pelo prefeito do recém criado município, Dionísio Lothário Chassot, para fazer a canalização dos arroios Matadouro e Seibel, que passa por debaixo da cidade, no final dos anos 1950.
Serafim Sartori, 82 anos, conheceu e conviveu com o Zé Mendes aqui em Tapera, lá nos anos de 1960.
Segundo ele, quando JM esteve em Tapera, na primeira vez, o Sartori não residia aqui. E o rapaz veio para trabalhar com a empresa na construção da galeria.
De noite, após a jornada diária de trabalho duro, José Mendes e seus colegas se reuniam no Salão Azul para conversar, beber, jogar e cantar com os funcionários do Curtume Mombelli, uma vez que o local era a associação dos funcionários da empresa.
O Serafim não lembra se o JM deixou Tapera antes ou depois da obra concluída.
Na segunda vez que o José Mendes esteve em Tapera foi entre 1964 e 1965. Agora músico, retornou trazendo na maleta apenas uma muda de roupa e o violão. Ele veio para se apresentar pela região, acha ele. Numa noite, o Serafim e seu irmão José, músicos, e agora residindo em Tapera, foram ao City Bar e de longe ouviram uma cantoria muito animada vindo lá de dentro. O Serafim conta que viu um estranho com um violão cantando para o pessoal. O cara era bom de voz e de violão, disse. Era o José Mendes. Os irmãos se uniram ao grupo e cantaram junto com ele, e o JM de imediato passou o seu violão ao Serafim, que também tocou e cantou. E isso foi um troca troca de violão e cantoria até o amanhecer. Ao final, o Zé Mendes não tinha para onde ir e o Serafim ofereceu a casa do seu pai, Onorino, para ele passar a noite. Pois o Zé acabou ficando na casa dos Sartori por três meses.
Num sábado à noite, aconteceu um baile no Salão Azul com uma dupla famosa na época, Norinho & Diles Nunes, que rodavam nas rádios de Porto Alegre. O José Mendes se apresentou como cantor ao empresário da dupla, um tal de Brás, e pediu para cantar algumas canções para o público presente. O homem deixou e o Zé subiu ao palco e cantou umas cinco músicas, conforme o Serafim. Ao final, o empresário foi até ele e lhe pediu se não queria começar na vida artística, pois tinha muito talento. Ele ofereceu ao jovem cantor 200 cruzeiros, que na época era um bom dinheiro. O Zé Mendes aceitou e se foi embora de Tapera pela segunda vez.
Dois meses após deixar Tapera, o José Mendes “explodiu” nas rádios com a música “Para, Pedro!” e em seguida vieram outras tantas como Carancho, Roubo da gaita velha, Não aperta Aparício, Picaço velho, Vá embora tristeza, Minha acordeona, Parabéns, essa muito tocada em homenagens de aniversário nas rádios, entre outras.
Na tarde de um determinado dia, o Serafim estava em casa quando ouviu um carro parar na frente dela e o motorista começou a acelerar insistentemente o veículo. Ele foi até a janela e viu um Simca Chambord, um dos carrões da época, de cor bordô e zero bala. Era o Zé Mendes, certamente passando pela região, e deu uma chegada em Tapera para lhe fazer uma visita. Ele entrou, conversaram bastante, jantou com a família e pousou e de manhã seguiu viagem. Mas, antes de viajar, informou o Serafim que a sua gravadora, a JM Discos, iria gravar um disco do seu conjunto, Os Três Riograndenses, que tinha ainda o seu irmão José e o José Silveira. Ficou acertado que o trio viajaria para gravar numa data a ser marcada posteriormente, tudo por conta do famoso artista e amigo, e que ainda ficariam no seu apartamento. “Só tínhamos de pagar a ida e a volta da viagem”, disse o Serafim.
Pois duas semanas depois, no dia 15 de fevereiro de 1974, estava o Serafim deitado em sua cama, ouvindo a Rádio Gaúcha, quando veio a notícia de que o cantor José Mendes havia morrido em um acidente de carro, na BR 471, em Rio Grande, aos 34 anos. “Foi um dos dias mais tristes da minha vida. É como se tivesse perdido um irmão”, disse Sartori.
O José Mendes, assim como a sua esposa e filho, estiveram várias vezes em Tapera na casa dos Sartori, inclusive agradecendo a acolhida que sua família havia dado ao seu pai e esposo.
Naquele baile no Salão Azul, o Zé Mendes se engraçou por uma morena muito bonita, mas que estava acompanhado do marido. Eles ficaram a noite toda trocando olhares, de maneira muito discreta. Perguntei ao Serafim quem seria a morena e ele, culpando a idade e o tempo, desconversou. Não quis me contar.
E o Serafim ainda, jura que algumas das músicas famosas do José Mendes ele tocou naquele baile no Salão Azul. “O cara era um artista completo. Tinha as músicas na cabeça todas prontas para serem lançadas. E fazia música de improviso, na ideia. Era questão de tempo para ele ‘estourar’”, disse.
Infelizmente não foram tiradas fotos daquela convivência dele com um dos maiores cantores gaúchos de todos os tempos, antes da fama, aqui em Tapera.
Sarrico, quem sabe os irmãos Sortori, Os 3 Riograndenses, com o apoio do JM tambem poderiam ter feito historia como do Zé Mendes. Fazer o bem sem saber a quem, a recompensa vem.
Verdade!
mas o JM acima não é o JM que vc pensa. JM acima quer dizer JOSÉ MENDES.
uma hr vc o chama de Jose Mendes, outra hr de JM, e logo de Zé, o ideal pra uma leitura mais fluida seria usar o nome completo, ainda mais pra que não é de sua cidade.