Blog do Sarico

A história do Curtume em Tapera


O curtume de Tapera, apesar de não mais existir, tem papel destacado na história do município, tendo começado em 1923, quando ainda éramos distrito de Carazinho e com poucos moradores por aqui.

Conversando com pessoas antigas e vendo documentos, fotografias e recortes de jornais pude levantar a história de mais de 80 anos do curtume, que mudou várias vezes de nome ao longo destes anos todos. A Mombelli & Cia Ltda, no seu auge nos anos 1970/1980, chegou a empregar aproximadamente 2 mil funcionários. Pela população de Tapera na época, boa parte dos taperenses trabalhava lá. E vinha muita gente de fora para trabalhar nela.

O curtume nasceu em 1923. Naquele ano, José Pizatto, que tinha um estabelecimento comercial de secos e molhados, onde hoje está o Posto Taperense, na esquina da Rua Coronel Gervásio com a Avenida XV de Novembro, junto com Pedro Binni, abriu uma selaria e um pequeno curtume. Mais tarde, Guido Mombelli chegou no vilarejo e se juntou a eles na sociedade formando a Pizzato, Binni e Mombelli & Cia. Em 1927, Guido Mombelli, com outra visão empresarial, assumiu sozinho o controle da empresa e mudou seu nome para Indústrias Alto Jacuhy Mombelli & Cia e anos depois para Mombelli & Cia Ltda, atuando no município por mais de 70 anos. Com o seu falecimento os seus familiares acabaram tocando o curtume até 2001, quando por problemas da economia, o mesmo foi adquirido pelo Grupo Bom Retiro, que ficou respondendo pela planta até 2012, quando deixou o município. Em 2015, a Cooperativa Santa Clara comprou grade parte daquela área. Hoje, a planta está abandonada e entregue ao tempo, e a parte central, onde outrora funcionou o escritório algumas seções da empresa, foi transformada num estacionamento.

Olhando as fotos, é possível ver o começo do curtume, em 1923, e sua evolução, até os dias atuais daquilo que foi a maior empresa que Tapera já teve. E se você reparar em uma delas está escrito no prédio: “Visite o maior e mais moderno curtume do Sul de Mombelli & Cia Ltda”.

O curtume também faz parte da história da minha família, pois o meu pai foi motorista dele por vários anos e fazia viagens semanais a São Paulo e Rio de Janeiro, levando couros para a indústria automotiva e do vestuário e de lá trazia produtos químicos para o tratamento dos couros. E lembro dos presentes que os filhos dos funcionários recebiam na semana do Natal. Naqueles finais de tarde, uma longa e demorada fila se formava em frente ao escritório para receber o seu presente. Era uma festa aquilo.

O curtume veio a Tapera, cumpriu o seu papel e se foi como tudo nesta vida. E deixou sua marca aqui.

 



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