Blog do Sarico

Dois “Brasis”


Na semana passada, navegando pela internet, duas notícias chamaram a minha atenção e me colocaram a refletir.

A primeira delas se referia ao fato de uma instituição de ensino, de uma cidadezinha do interior do Nordeste, estar autorizando os seus alunos a levar a merenda escolar para sua casa, para compartilhar com os seus familiares, devido à falta de condições, dessas pessoas, para comprar comida.

E a outra notícia dava conta de uma influenciadora digital que estava dando satisfação aos seus seguidores sobre ter gasto R$ 377 mil, no último mês, em seu cartão de crédito – basicamente, tudo em compras, feitas no exterior.

Esses dois fatos me chocaram e me fizeram pensar na existência de dois “Brasis”: o Brasil da fome e da miséria e o Brasil do luxo e da ostentação. E são dois “Brasis” muito distantes um do outro, especialmente, porque um não sabe (ou, pelo menos, ignora) a existência do outro, permanecendo cada um na sua bolha.

Penso que cada um sabe o que faz com o seu dinheiro – e feliz de quem tem de sobra, afinal, a nossa sobrevivência depende dele – mas, achei totalmente desnecessário e vergonhoso essa influenciadora digital ter exposto a fatura do seu cartão na internet, quando o País se encontra, novamente, no mapa da fome, enfrentando uma tremenda insegurança alimentar, com os preços dos alimentos sendo superelevados e não acompanhando o valor do salário mínimo.

E, por falar em salário mínimo, esse valor soa até díspar em relação aos quase R$ 400 mil gastos pela influenciadora, em uma “simples” viagem. Os R$ 1.200,00 (dos quais milhões de brasileiros dependem para sobreviver) devem ser “troco” para ela. E essa matemática é muito dura de compreender – principalmente, por quem está no Brasil onde a solução é levar a merenda escolar para casa, a fim de que a família tenha o que comer.

Nas redes sociais e nas plataformas dos jornais onde a notícia da influenciadora se destacava, chovia comentários de internautas dizendo que, com o dinheiro gasto por ela em um mês de cartão de crédito, era possível comprar uma casa e quitar dívidas acumuladas.

Enfim, o que eu quero dizer é que essa desigualdade extrema, em que muitos têm tão pouco e que poucos têm muito, é uma situação lamentável e que, infelizmente, se perpetuará – por inúmeros fatores, como história, cultura, política, economia…

Porém, acredito que o primeiro passo, no momento, é sensibilizar-se com a situação daqueles que estão enfrentando dificuldades – principalmente, em termos alimentares – e deixar o egoísmo de lado, auxiliando-os da forma que estiver ao nosso alcance, principalmente, porque sempre tem quem precisa ser ajudado.



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