Blog do Sarico

Justiça pela metade


Nesta semana, iniciou o julgamento dos quatro acusados pelo incêndio na Boate Kiss, que vitimou 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos, no dia 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria (RS).

Não se sabe, ao certo, qual será o resultado do júri, mas espera-se que os quatro sejam condenados, dando uma resposta à sociedade – e, principalmente, aos sobreviventes da tragédia e os familiares das vítimas, que estão, há quase nove anos, lutando por justiça.

Agora, será que todos os culpados, efetivamente, estão no banco dos réus? Não estaria faltando outros agentes e instituições nesse processo?

Se uma pessoa pretende abrir um negócio – do mais simples ao mais complexo, como é o caso de uma boate – primeiramente, será necessário que se cumpra o ritual burocrático junto à Prefeitura. Também, é necessária a inspeção do Corpo de Bombeiros, para avaliar questões estruturais relacionadas ao espaço físico desse negócio. Passadas essas etapas, então, só aí é que a Prefeitura libera o alvará para funcionamento.

O que se sabe é que a Boate Kiss estava em pleno funcionamento, operando com inúmeras irregularidades, com a chancela estatal (Prefeitura e Bombeiros). Tudo isso – somado à péssima ideia de se acionar um artefato pirotécnico em um ambiente fechado, recoberto por espumas impróprias, que liberaram gases tóxicos com a combustão ocorrida – foi o cenário que culminou nesse desastre, que jamais será esquecido.

Espera-se que se faça justiça, em Porto Alegre, nos próximos dias, pois os culpados precisam pagar pelas suas ações, negligências e omissões. É assim que as coisas funcionam – ou, pelo menos, deveriam funcionar.

Os sobreviventes e os familiares das vítimas precisam dessa resposta, para amenizar, de alguma forma, parte de suas dores e fazer justiça em nome dos 242 jovens que tiveram a sua vida e os seus sonhos interrompidos.

Em tempo: três das vítimas da Kiss – Luísa Püttow, Paula Gatto e Alex Giacomolli – são filhos de Tapera. Deixo, aqui, a minha solidariedade e o meu abraço aos familiares, nesse momento duro, em que o júri vem trazendo todas as lembranças daquele dia fatídico.



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