Blog do Sarico

A história do craque “Enrico Cabrito” que jogaria no Grêmio…


A história do craque Enrico Cabrito que jogaria no Grêmio...A brincadeira que criou o jogador fictício Enrico Cabrito ganhou novos desdobramentos na quarta-feira (6). O jornalista Farid Germano Filho, da Rede Pampa, registrou boletim de ocorrência policial por “uso indevido de minha conta no Twitter por terceiros”.

Na noite de segunda-feira (4), a informação de que o falso atleta seria contratado pelo Grêmio foi postada no microblog de Farid, suscitando manifestações do público e de profissionais da imprensa.“Maldade ou brincadeira, poderiam ter postado algo mais sério. Quero saber o que aconteceu, ir a fundo”, explicou Farid. As informações são do saite Coletiva.

Personagem criado em uma brincadeira por pessoas ainda não identificadas, o suposto craque argentino (ou uruguaio?) Enrico Cabrito virou hit na Internet nesta semana.

Inventado por internautas, o jogador fictício foi noticiado como a nova contratação do Grêmio para substituir Anderson Pico. “Enrico Cabrito, lateral esquerdo argentino, está sendo contratado pelo Grêmio”.

Após a repercussão em torno da mensagem, Farid Germano Filho afirmou que sua conta no microblog havia sido invadida. “Atenção! Fui hackeado! Atenção! Estão publicando informações sem nenhuma autorização minha!” – escreveu Farid.

A partir daí, a história de Cabrito ganhou força e foi reproduzida em manchetes de portais de notícias, alcançou os tópicos mais lidos do Twitter e, em menos de 12 horas, chegou à televisão.

Foi durante o Jornal do Almoço, da RBS TV na terça-feira (5) que o narrador Paulo Brito também noticiou a contratação. “O Grêmio estaria contratando um novo lateral esquerdo. Sabem como é o nome? Cabrito! Já vi que vai sobrar para mim ali adiante. Mas é o lateral uruguaio que o Grêmio está tentando para reforçar seu grupo nas próximas horas”, anunciou.

Na mesma tarde, em resposta aos manifestos de internautas, Paulo Britto publicou em seu Twitter:“Amanhã vou falar no Jornal do Almoço sobre o assunto ‘Cabrito’… afinal falei hoje brincando que sobraria pra mim, foi ou não foi ?”.

Na edição de quarta-feira (6), Britto pediu desculpas aos telespectadores por não ter apurado a informação e garantiu que não repetirá o erro. “Eu caí e dou meus parabéns aos criadores da brincadeira”, admitiu no ar.

A seu turno, Farid avalia se irá seguir com seu perfil no microblog. “Por esse crime virtual, sofri injúria, difamação e calúnia, inclusive de pessoas da minha profissão. Vou buscar o que a lei permite para chegar a um esclarecimento”, sustenta.

Outras notícias falsas

* Há outros casos recentes em que a imprensa gaúcha caiu em uma história falsa disseminada pela internet. Em 2011, emissoras de rádio de Porto Alegre chegaram a noticiar a contratação de outro atleta fictício pelo Grêmio, Bruno Camargo.

* Em 2012, um viral criado por publicitários revelava uma suposta participante do reality show Big Brother Brasil. Na época, a informação chegou à capa de Zerohora.com e figurou na lista das 10 notícias mais lidas de Coletiva.net, em janeiro do ano passado.

A sacanagem real: a criação do Grupo Ivanhoé

(Resumo feito a partir do saite do jornalista Fernando Albrecht)

No início dos anos 70, uma monumental sacanagem contra a empresa Caldas Júnior foi planejada e executada por um grupo de jornalistas, quase todos ainda vivos e trabalhando. (Um dia desses sou capaz de contar o nome de todos os criadores do embrulho).

Ao contrário da lenda urbana, esta foi uma sacanagem real, mas que passou para a história como lenda.

Tudo começou quando se discutia num bar, o Gilberts, na Salgado Filho, o avanço célere da RBS. Houve quem dissesse que isso era fogo de palha, que a Caldas Júnior era imortal, que os Sirotsky não teriam fôlego etc etc. Em contraponto, os que achavam que tudo era uma questão de tempo, diziam que a estrutura editorial da Caldas Júnior era amadora, que qualquer bobagem que se mandasse era publicada pelo Correio do Povo e Folha da Tarde.

Desafio lançado, o grupo partiu para a ação. Na época, os jornais estampavam um anúncio do Grupo Batistella contando como um lenhador virou dono de um conglomerado. Isso serviu de inspiração para criar e divulgar um inexistente super-grupo gaúcho com mais de 20 empresas, o Grupo Ivanhoé, cujo dono seria um tal Pedro Louzada Balaustre, morador de Muçum (RS).

Para provar que o Correio do Povo publicava qualquer abobrinha, a turma de jornalistas pagou um anúncio fúnebre, comunicando o falecimento do “empresário Pedro Louzada Balaustre”, fundador e presidente de um conglomerado de duas dúzias de empresas reunidas sob o nome de Grupo Ivanhoé.

Como um dos integrantes do Comando Balaustre era de Muçum, saiu que lá ele morava e lá havia falecido. Ora, não tinha como ser ignorada a morte de um sujeito dono de todo esse império. A turma tinha certeza que alguém das oficinas do Correio do Povo estranharia e chamaria a atenção da gerência. Pois saiu e ninguém reclamou, pasmem.

Passaram-se alguns dias e como ninguém chiou, passou-se para a segunda parte da sacanagem, para ver se desta vez caia a ficha. Já tinha sido “criada” a família de Balaustre, que teria só uma filha, casada com o pomposo e inacreditável “comendador Aspecyr Umbrella”. Aspecyr, por causa do pecúlio; Umbrella, porque estava no auge uma briga judicial entre a Aplub e o Banco Nacional pelo símbolo das empresas – ambas usavam um guarda-chuva.

Um novo “a pedido” comunicou à praça que o Grupo Balaustre seguiria sua trajetória, agora sob o comando do genro Aspecyr. O título da segunda matéria paga era “Os homens passam, as idéias ficam”.E ninguém chiou.

A essa altura do campeonato, todos os integrantes do Comando Ivanhoé estavam pasmos. Não era possível que uma gaiatice e uma empulhação dessas não tivesse uma só mísera contestação. Então a farra soltou-se de vez. Os jornais da Caldas Júnior tinham uma editoria de necrológio e para lá foi mandada a biografia do ilustre Pedro Louzada Balaustre. Publicaram, falecimento que repercutiu até no vetusto jornal Estadão.

Os deputados Antônio Brezolin (estadual) e Urbano Moraes (federal) pediram um voto de pesar pelo falecimento do ilustre rio-grandense, e por aí afora. Como não tem bem que sempre dure e mal que nunca termine, semanas depois a farsa começou a cair.

Começou com o prefeito de Muçum enviando carta aos jornais negando que Balaustre fosse morador do município. E aí, em uma jogada maior, tentou-se publicar o “balanço” do Grupo Ivanhoé no Jornal do Comércio. O falecido diretor do JC, Homero Guerreiro, estranhou e sentiu que tinha trampa.

O pior foi que a Polícia Federal – estávamos no auge do regime militar e em tempos de guerrilha – achou que isso era comunicação cifrada da guerrilha, porque sabiam que não existia nenhum Balaustre, nem um grupo Ivanhoé.

E os policiais federais foram ao doutor Breno Caldas, exigindo que dessem o nome do responsável dos “a pedidos”. Ele negou, mas após rápida pesquisa o terceiro no comando editorial da casa, Antônio Carlos Ribeiro, finalmente descobriu tudo. “Foi molecagem” teria explicado ao chefe.

E de todo o episódio, que causou gargalhadas e piadas de jornalistas do baixo clero em bares e boates da cidade, fique uma lição para os poderosos de hoje: é fácil, muito fácil, armar um Caso Balaustre. Mais fácil hoje que naquele tempo.

(Espaço Vital)



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