Blog do Sarico

As pesquisas em Tapera


O pessoal me cobra a divulgação dos números das pesquisas da eleição que foram mencionadas aqui. Disse à época que sabia o resultado dos dois lados, mas que, devido à lei, não poderia divulgá-los naquele momento porque as mesmas não eram oficiais, sendo apenas para “consumo” interno das coligações. Agora, que a eleição passou, é possível revelar seus números. Ao menos o que me foi passado.

Antes, é preciso dizer que o número de pesquisas realizadas e seus resultados podem ser verdadeiros, como podem não ser. Pelo que soube, a Aliança Democrática – PP, PMDB, PDT, PSB, PPS e PSDB – teria realizado sete pesquisas e elas ficaram entre 15% e 20% a favor de Ireneu Orth. As sete confirmaram a preferência do eleitor, mas não o percentual dado nas urnas, já que o mesmo, no final, foi de 4,5% dos votos válidos.

A coligação PTB-PT, por sua vez, teria feito três pesquisas, mas depois soube que foram duas e que as mesmas também colocavam Orth na frente.

Na pesquisa que fiz com os meus contatos (e-mail), o Ireneu venceu com 61% da preferência. O Nestor ficou com 31%. Brancos e nulos somaram 8%. Dos e-mails que enviei, 35% retornaram. A maioria – 65% – preferiu não se manifestar.

Eleição é eleição e de verdade existe apenas o que as urnas registraram. Mais do que isso (ou menos) é pura especulação, já que pode haver a manipulação dos números por parte de quem fez a pesquisa e de quem a contratou. Esta manipulação, que acontece na hora de repassar os números para os internos – candidatos e equipe de trabalho – e para a comunidade, se dá por dois motivos: para manter o grupo unido e ativo ou para diminuir a diferença de votos.

Uma pesquisa reflete um momento que, segundo os especialistas, é identificado por dias e nos muitos que antecedem um pleito a intenção de voto pode ser alterada. Mas, reconhecem que dificilmente esta intenção muda nas últimas semanas, salvo um acontecimento bombástico. Em duas semanas antes da eleição não existe mais eleitor indeciso. E se houver, não chega a 2%. Isso é fato.

Uma pesquisa bem feita deve primeiro esquadrinhar o município por setores. E em cada setor deve-se identificar o voto por idade, escolaridade, sexo, essas coisas, sem falar na identificação do entrevistado com número de documento e assinatura. Depois disso, é preciso ver a quantidade de eleitores que deverão ser ouvidos em cada setor para se ter uma ideia do porcentual a ser levantado. Tendo estes dados todos em mãos, com um número significativo de eleitores, é possível traçar um mapa da opção de voto no município, com margem mínima de erro. E esta margem não poderá ultrapassar 5%, para mais ou para menos. Assim deve ser feita uma pesquisa. Fora disso é “chute”. Outro problema é a forma como as empresas executoras trabalham. E será que elas cumprem o “regulamento”? Na eleição de 2008 foi dado um número e nas urnas deu outro. Agora, aconteceu de novo. Elas acertaram o nome, mas não o percentual. E os motivos dado para a queda da diferença, não convenceram.

Pesquisa falha e elas falharam feio nesta eleição em todo o Brasil. E foram vários os exemplos. Em Curitiba o prefeito não foi para o segundo turno. Em Salvador, ACM Neto venceu. Em Vitória, o ex-prefeito perdeu no primeiro turno. Em São Paulo, Russomano ficou fora e Serra teve muito mais votos do que o apontado. Em Manaus, o empate técnico de Arthur Virgílio virou vitória com 21 pontos de vantagem. Em Florianópolis, os comunistas ficaram fora do segundo turno. E em Porto Alegre, a bela Manuela foi um fiasco do tamanho que os institutos sequer sonharam.

Tanto em 2008 como agora, as pesquisas apontaram em Tapera uma tendência que não se confirmou nas urnas. Naquele ano, 2 mil votos se transformaram em 115, e agora, 1 mil votos viraram 328. Pesquisa é bom, dá uma ideia do contexto, mas não pode ser seguida às cegas. Ela mostra variações que precisam ser bem interpretadas. A “leitura” precisa ser feita de todas as formas e de todos os “ângulos”. Muito cuidado com elas – as pesquisas, porque elas mostram um quadro que não é visto. Ajudam, mas podem fazer uma confusão danada na hora de explicar, principalmente uma derrota. Ou uma vitória apertada.

Uma última coisa. Numa eleição ninguém conta tudo.



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