A cultura do corpo perfeito
Tem um programa no National Geographic que eu gosto muito de assistir pelas matérias que a jornalista portuguesa Mariana Van Zeller apresenta. É o “Mercado Ilegal”. Nele, ela mergulha no mundo do crime e fala sobre ele, inclusive com depoimentos de pessoas envolvidas com ele. Ela faz perguntas pontuais para homens e mulheres envolvidos e eles, com rosto tapado, voz distorcida, e com certo receio, respondem. Claro, tudo deve ser planejado antes: o contato, os locais de visitação e gravação, as perguntas a serem feitas e as imagens que podem vir a ser gravadas.
No último episódio que eu vi, Mariana falou sobre os esteroides anabolizantes (AA), hormônios que propiciam o aumento da musculatura e aumentam a força e a energia, e a facilidade de encontrá-los em qualquer parte do mundo, bem como a sua aplicação.
A jornalista mostrou os vários tipos de esteroides existentes no mercado e onde encontrá-los. O pessoal que cultua o corpo vai ao sudeste asiático, mais precisamente a Tailândia, a procura do produto que está em lojas em todas as ruas da cidade, uma do lado da outra, e tudo muito barato. Eles não levam o produto na mala, fazendo a aplicação lá mesmo.
Mariana Van Zeller entrevistou fisiculturistas sobre a utilização da droga. Falou com médicos e apresentou situações de risco que os usuários estão sujeitos pelo uso dessas drogas sintéticas.
A reportagem mostrou que o pessoal não acredita que os AA prejudicam a saúde e que tudo é invenção. O culto ao corpo perfeito é o que importa, não importando o preço, pois o espelho pede cada vez mais perfeição.
Ao final, a jornalista mostrou o que acontece com um corpo quando ele entra em colapso devido ao uso dos AA. Foi apavorante. Alguns morrem e outros ficam deformados, sem falar que também a idade cobra o seu preço.
O fisiculturismo é uma modalidade esportiva que pode trazer prejuízos à saúde. Em primeiro lugar, as rotinas de treinamento às quais os atletas se submetem são extremamente intensas e os predispõem a lesões musculares e articulares.
Muitos atletas de alta performance perderam medalhas e recordes em competições oficiais, como as Olimpíadas, pelo uso de AA e de outras substâncias proibidas, pois podem ser detectadas na urina por um período de até seis meses.
E recentemente, o Globo Repórter abordou o assunto, mostrando uma nova modalidade de atletas que surge com força nas academias: o fisiculturista natural, que não faz uso de “bombas”, como são chamados os AA.
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