Blog do Sarico

Não acredito que fiz isso


Nesta semana, eu vi um vídeo na internet da água passando por sobre a ponte do rio Colorado, na divisa de Tapera com Selbach, pela estrada velha, e lembrei de uma bravata que eu participei lá no começo dos anos 1980. O ano bem certo eu não lembro.

Naquela data, uma sexta-feira, eu acho, eu e mais dois amigos de Selbach, fomos a Passo Fundo fazer uma prova para a conclusão do 2º grau, hoje ensino médio. Saímos de Selbach, onde eu residia, por volta de 18h, com o carro de um deles, um Escort. Fomos numa boa, fizemos a prova e depois fomos jantar. Terminado o jantar pegamos a estrada com chuva. Naquela semana havia chovido muito e todas as cidades que tinham rios na sua proximidade estavam em alerta, pois as águas subiam lentamente. No rio Colorado, do lado taperense, havia muita gente morando que teve de ser retirada da área que pertence a Eletrocar e levada para outro lugar.

Na volta, pela ERS 223, ao chegarmos na descida da ponte do Colorado, divisa entre Tapera e Selbach, lá do alto vimos tonéis sobre a pista com fogo sobre eles indicando que a passagem pela ponte estava interditada. O que fazer? Precisávamos ir para casa, pois chovia e já era madrugada. Eu pensei em ficar em Tapera, na casa da minha mãe, mas resolvi seguir com os amigos pela estrada velha, achando nós que lá estava mais tranquila a passagem. Não estava. Ao chegarmos na curva que dá para a ponte vimos a mesma coberta pela água, bem mais do que mostrava este vídeo de agora. Paramos e ficamos uns minutos conversando sobre o que fazer. E o nervosismo começou a tomar conta de nós. Quando a chuva diminuiu vimos que sobre a ponte, no meio dela, havia um fogão a lenha. Pensamos, se tem um fogão ali a ponte deveria estar ali também. O amigo ligou o carro e fomos devagar para ver se a ponte estava mesmo lá. Passamos pelo fogão e fomos adiante até chegar do outro lado. Quando chegamos lá, bateu o pânico em nós por passarmos pela ponte sem ver nada do que havia ao nosso redor. Só o barulho ensurdecedor do rio seguindo seu curso. “Mas o que acabamos de fazer?”, pensei eu. E fomos embora.

Naquela noite, eu cheguei em casa, bastante nervoso e não dormi nada. No dia seguinte, voltei a Tapera, para trabalhar na então Rádio Gazeta, muito mal pela noite anterior. Aquele foi, talvez, o pior dia da minha vida, e estou aqui hoje por que não era o nosso dia naquele dia.

Veja até onde vai a inconsequência de uma pessoa. Hoje, eu jamais faria isso. Mesmo que tivesse apenas uma lâmina de água sobre a pista. Coisa de gente imatura, da idade.

A propósito. O dono do carro trabalha na Prefeitura de Selbach e está vivo para confirmar esta história. O outro cara nós não lembramos quem era.



Comente


*