Blog do Sarico

O jornal do Imaculada


O Instituto Imaculada, aqui de Tapera (RS), comemora neste ano 50 anos de escola pública, ele que já pertenceu às freiras, e que está bem próximo de completar o seu centenário. Mas, conversando com a diretora Luciana Rizzi e a vice-diretora Ana Júlia Mariani, soube que o educandário lançará um livro para comemorar o cinquentenário. Eu disse a elas que estava fazendo um levantamento dos veículos de comunicação que Tapera teve ao longo dos seus quase 70 anos e aí fiquei sabendo de mais um. Segundo a Ana Júlia, o Grêmio Estudantil Érico Verissimo (GEEV) teve um jornal seu: o Gazeta Estudantil, lá em 1977, e que seu esposo, Paulo, fazia parte da sua diretoria e também do jornal. E eu fui atrás dele em busca de informações, para o meu trabalho e também para informar os meus leitores.

E o Paulo Mariani me emprestou um exemplar dele, o número 1, que circulou por um ano. Depois, segundo ele, o pessoal se formou e deixou a Escola e o jornal acabou não circulando mais por falta de gente disposta a tocá-lo adiante, afinal editar um jornal não é fácil, especialmente naquela época em que não se dispunha de tecnologia alguma.

O Gazeta Estudantil, que tinha 12 páginas em preto e branco, trazia notícias da Escola e também do município. Impresso na Gráfica Lupatini de Espumoso, tinha uma tiragem de 650 exemplares, que eram distribuídos gratuitamente na comunidade escolar e municipal. Ele tinha ainda patrocínio de empresas de Tapera e de Ibirubá, de onde vinham vários estudantes estudar no Imaculada. O Jaime Luiz Mombelli era o seu diretor e as fotos eram do mestre Adão Pezenti.

O primeiro exemplar circulou em março de 1977. Na capa, estavam a foto da direção do GEEV, a visita do secretário da UGES (União Gaúcha dos Estudantes Secundários) a Tapera e no rodapé tinha uma mensagem do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) trabalhando para erradicar o analfabetismo no país.

E folhando o jornal, algumas matérias chamaram a minha atenção: a notícia do casamento do professor Ivanir Carlos Coser com sua aluna Zélia Pazini, com foto; a morte por afogamento dos alunos Gilberto Schenkel, na praia, e de Ilaci Paulus, no Rio Colorado, em Tapera; matéria explicativa do uso correto dos defensivos agrícolas nas páginas centrais, com fotos, mostrando a preocupação já naquele tempo com os “venenos” para a lavoura, como eram chamados na época. Na coluna do automóvel, entrava em testes o primeiro automóvel construído no Estado pela Aldo Auto Capas, o “Miúra”, sendo que um dos sócios do fabricante era o taperense Aldo Gobbi.

E na contracapa, de página inteira, tem uma mensagem de despedida para Gilberto Schenkel, o “Beto”, escrita pela aluna Rosane Aparecida de Oliveira, natural de Espumoso, que veio a Tapera nos anos 1970 para estudar e trabalhar na Prefeitura, no terceiro mandato de João Maximiliano Batistella. Hoje, a aluna é comentarista de política do Grupo RBS, sendo uma das mais consagradas jornalistas do Estado na sua área e muito premiada. No jornal ainda, tem um poema seu, “Eu quisera”.

O Paulo Mariani me falou ainda que devido ao período militar, havia muito cuidado na escrita por que, de repente, algo poderia ser censurado pelos militares o que resultaria em algum tipo de punição. “A gente tinha muito cuidado na seleção do que seria publicado. Era bem complicado”, disse.

De acordo com ele ainda e que está no jornal, na capa da primeira edição, a UTE (União Taperense dos Estudantes) realizou eleição em 1975 e que, por “problemas ocasionados por pessoas que não tinham o direito de se infiltrar na campanha de uma das chapas com o objetivo de prejudicar a outra”, acabou sendo anulada e a entidade fechada, até ser reaberta em 1977.

A direção do GEEV era a seguinte: presidente Jaime Luiz Giacomolli, vice-presidente Osvaldir de Mello, 1º secretário Paulo Mariani, 2ª secretária Rosana Siega, 1º tesoureiro Germano Spode e 2º tesoureiro Carlos Batistella. A direção do Imaculada estava a cargo da professora Catarina Simon Martins, a “Kati”.

Eu estou curioso para ver o livro do Imaculada que será escrito pelos seus ex-diretores, ex-professores e ex-alunos. Fico imaginando o que esse pessoal todo tem a dizer da Escola e da Tapera daquela época.

 



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