A história da Boate Diana
Há algum tempo eu escrevi sobre a banda Brasa 6, que fez sucesso em Tapera e região nos anos de 1960, e que iniciou a sua curta carreira musical na Boate Diana. Pois, algumas pessoas, que frequentaram a famosa boate taperense, me pediram para escrever sobre ela, contando a sua história. E como a ideia aqui é resgatar histórias de Tapera e da sua gente, eu fui atrás de mais esta.
Certa feita, lá nos anos 1960, uma turma de amigos aqui de Tapera, entre os quais estavam o Humberto Vieira e os falecidos Antoninho Henrich e César Dariva, o “Boca”, este integrante do Brasa 6, contrataram uma agência de turismo de Passo Fundo para viajar ao Uruguai, para conhecer o país vizinho e também fazer compras.
Na volta, trouxeram na bagagem alguns discos de vinil de cantores italianos, musicais orquestrados e de bandas de rock, entre elas de um quarteto mágico inglês que começava a ganhar o mundo chamado Beatles.
De alguma forma, alguns daqueles discos foram parar ao lado de uma pequena eletrola que ficava numa sala anexa nos fundos do Bar Diana, que era usado, possivelmente, para o carteado.
Sem muitas opções na Tapera daquele tempo, alguns jovens se reuniam na frente do Café Diana para conversar, beber (cuba libre) e ouvir músicas. Muitos dos jovens levavam para lá discos seus para escutar com a turma.
A tal sala não foi feita para boate, pelo seu tamanho. Mas, com a chegada dos jovens ao local, cada vez em maior número, aquele ambiente se tornou uma extensão do bar e ponto de encontro das várias turmas da cidade. Foi então que o Arno Presser, dono do Café e um apaixonado por música, outro integrante do Brasa 6, resolveu transformar ele numa boate e assim nasceu a Boate Diana.
A Boate Diana era a única na região que promovia reuniões dançantes nas noites de domingo, sendo a precursora das antigas reuniões dançantes de domingo à noite pela região.
Suas festas eram muito frequentadas pelo pessoal da cidade e também de cidades vizinhas, funcionando como uma “repescagem” de investidas amorosas mal sucedidas no final de semana, conforme o Euro Mombelli, frequentador da boate e integrante do Brasa 6. “O domingo à noite era a última chance da semana para os rapazes arrumar namorada”, disse rindo.
Durante as promoções, as luzes eram acesas para que os meninos do Brasa 6, sentados sobre mesas vazias, instaladas na porta que dá para a Rua Duque de Caxias, tocassem algumas músicas ensaiadas com dois violões, uma gaita, um saxofone e um pandeiro. Após, sob aplausos, eles deixavam o “palco”, as luzes eram apagadas e a reunião dançante continuava embalada pelos discos tocados na eletrola e com algumas caixas de som que tinham mais tamanho e peso do que qualidade.
Sempre musicalmente atualizada, para todos os gostos, a Boate Diana se manteve ativa e famosa por muitos anos, a ponto de tanto tempo depois, ainda suscitar boas lembranças nos seus frequentadores, que só lamentam que seus filhos não a tenham conhecido no seu apogeu, com a introdução da luz negra, e usufruído da sua alegria numa Tapera que pouco tinha a oferecer aos seus jovens.
Segundo uma frequentadora, que pediu anonimato, muitos namoros iniciaram na Boate Diana nas noites de sábado e domingo, pois vinha gente de toda a região para Tapera. Naquele tempo, as moças iam para a festa acompanhadas de suas mães. Elas dançavam em grupos e ficavam paquerando os meninos, que ficavam também em grupo bebendo criando coragem para tirar uma delas para dançar, sem antes pedir permissão à mãe da escolhida. As coisas melhoravam, um pouco, quando o namoro engatava, mas tudo era feito dentro do campo de visão da mãe da menina ou de seu irmão.
Segundo ela ainda, as meninas precisavam escolher muito bem o modelito a ser usado na noite por que a luz negra mostrava mais do que devia.
Ninguém soube dizer que foi o autor ou autora dos dançarinos coloridos pintados nas paredes da boate, mas todos que a frequentaram lembram deles e do efeito que a luz negra causava nos mesmos.
A propósito. A Boate Diana ficava ali onde está hoje o bazar da Lúcia Sattler. Eu a conheci, mas não a frequentei. E lembro dos tais desenhos.
Depois da Boate Diana houveram outras na cidade: City Hotel, que ficava no 3º piso, acima do restaurante; Skorpion, na Pedro Binni, onde está hoje a barbearia do Sérgio Vieira e que foi destruída pelo fogo; Bartô, no prédio da estação rodoviária; Paloar, na Coronel Gervásio, onde hoje está a Rochaforte; antigo Hotel Pastório, também na Coronel Gervásio, onde hoje está o Mercado da Fruta, que funcionou por um curto período; e a mais famosa de todas: a Trinity Discotheque, no Clube Aliança, que marcou época na região nos anos 1980. E não se pode esquecer do não menos famoso Tenarião, que maldosamente chamavam de “Pega Cria”, e que fez muito sucesso nos anos 1970/1980 com suas reuniões dançantes nas sextas-feiras e domingos à noite.
Já que o assunto é bar, em Tapera, numa linha de 150m no Centro, bares vendem a mesma cerveja por 3 valores diferentes. Os preços variam de:
R$ 19,00;
R$12,00; e,
R$9,00.
se não puder tomar na de 19 vai na 12 e se nao puder tem a opçao dos 9 agora se ainda achar caro, vai pra tomar em casa