Um flash da Tapera dos anos 1940
Essa foto mostra a então Vila Tapera, lá no começo dos anos 1940, ainda pertencente a Carazinho e em plena II Guerra Mundial, cujas notícias chegavam até nós através do rádio, e com atraso.
Vou identificar algumas partes do povoado com números e aí você vai se localizando naquilo que foi começo da nossa cidade:
1 – A nova (e atual) Igreja Matriz, que começou a ser construída em 1932 e inaugurada em 1934. Repare atrás dela o “clarão” existente sem os atuais bairros e sem tudo que existe lá nos altos: Prefeitura, Câmara de Vereadores, Fórum, Ministério Público, Defensoria Pública, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Secretaria de Infraestrutura.
2 – A “Casa Canônica”, hoje Casa Paroquial, a residência dos padres. Nesta casa, anos mais tardes, nós os coroinhas nos reuníamos na sala do padre Tenário Seibel, nas tardes de sexta-feira, para o sorteio de quem iria ajudar nas missas da noite, do sábado e nas duas de domingo, e ainda na semana seguinte.
Sempre tive a curiosidade de subir no segundo piso daquele casarão para ver como era. Nunca subi lá pois achava a casa sombria. Imagine…
Nós entravamos nela pelo lado, que dava de frente para a porta lateral da Igreja. E na sua frente havia um grande jardim com muitas flores, lembro.
Ao lado da Casa Paroquial está o Hospital Roque Gonzalez, que não aparece na foto, ainda de madeira. Ele foi inaugurado em 1941 e pegou fogo em 1943, sendo logo reconstruído pela comunidade.
3 – O antigo prédio do Colégio das Irmãs do Sagrado Coração de Jesus, que hoje se chama Instituto Estadual de Educação Nossa Senhora Imaculada. Daquele casarão enorme eu lembro da entrada, do canteiro que havia no centro dele. Também, da sala onde tivemos a catequese, que ficava à esquerda, na última porta. Da sala lembro ainda de um painel na parede com uma estradinha com várias palmeiras e oliveiras e da figura de Jesus Cristo caminhando por ela. Ainda, do filme “Marcelino Pão e Vinho” e da música “Pão e Vinho”, que cantávamos incessantemente.
Também lembro do grande piano que havia numa das salas e de uma senhora e uma freira que tocavam músicas que não se ouvia nas rádios e que hoje sei que eram clássicas. Hoje, sei que a música que eu ouvia e gostava era “Jesus, alegria dos homens”, de Bach, tocada pela Dona Rosinha Erpen, se não me falha a memória.
A propósito das freiras. Hoje, não temos mais nenhuma em Tapera e elas estiveram por muitos anos em grande número no colégio, nos dois hospitais e também no seminário.
E atrás do colégio, no fim do vilarejo, aparece o mato de pinheiros dos Batistella.
4 – O prédio do Café Diana, o segundo construído em alvenaria em Tapera e que continua aí, certamente com mais de 80 anos.
Aquele prédio, que foi ampliado mais tarde, teve de tudo: rodoviária, boate e churrascaria. Hoje, o bar continua, e ainda tem a Floricultura Criativa e o bazar da Lúcia Sattler.
5 – Prédio construído por Pedro Würzius, o primeiro em alvenaria de Tapera, e que mais tarde foi sede do Tapera Bureau por décadas e onde hoje está o Escritório Ritter.
Eu, como muitos outros em Tapera, trabalhei por anos no Bureau.
6 – Prédio do saudoso e inesquecível Cine Avenida, do Gentil Batistella, parada obrigatória nas sextas, sábados e domingos para assistir grandes filmes, mesmo que com atraso. Também víamos o Canal 100, com gols do campeonato brasileiro, também com atraso. A coisa não era como hoje.
A propósito de filmes com atraso. Lembro que assisti “Tubarão”, em 1978, três anos após o seu lançamento. Hoje, vemos pela internet filmes lançados na semana anterior.
7 – Parte do Curtume Mombelli, que tocou a vila e a cidade por mais de 70 anos e que empregou algumas centenas de pessoas.
E aí se vão mais de 80 anos. Tapera pertenceu a Passo Fundo, depois a Carazinho, de quem se emancipou em 1954. Selbach se emancipou de Tapera em 1966 e Lagoa dos Três Cantos em 1992.
Para se ter uma ideia, o Apostolado da Oração completou recentemente 93 anos. Então, Tapera, com toda certeza, deve ter mais de 120 anos.
Veja se você encontra mais alguma coisa interessante nesta foto.
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