Apagão de Justiça
Nesta semana o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi para casa, após nove meses preso. No Brasil, criminoso não fica na prisão. Aliás, nem prisão tem este País.
Do jeito que a coisa vai, dá impressão que o bem está perdendo a guerra para o mal e que o crime compensa.
Aqui, os caras aprontam sabendo que nada lhes acontecerá. Sabem que, em último caso, ficarão algum tempo na prisão e depois saem, um pouco chamuscado, mas com dinheiro. Será que a Justiça brasileira não deveria mudar – a lei? Começo a desconfiar que a senhora aquela, que carrega a balança e a espada nas mãos, e que tem os olhos vendados, é surda.
Com todo o respeito, quem muda a lei não é o judiciário, mas o poder legislativo, aqueles deputados eleitos por nós.
São aqueles mesmos deputados e senadores que são recebidos com festas e jantas, quando vêm para Tapera. Aqueles acontecimentos que a primeira a ser convidada é justamente a imprensa, que colabora de forma definitiva para a coptação de votos.
São estes votos que mudam a personalidade dessa fauna que leva a hipocrisia política, hoje comum no STF, ao limite aceitável.
Com a diferença que, ao contrário dos vitalícios ministros, indicados sem voto nenhum, estes outros foram escolhidos por nós.
Pois é.
Eu estava mesmo pensando.
Onde anda o Policarpo, o chefe da redação da Veja em Brasília, envolvido até o pescoço com Carlinhos Cachoeira?
Quando a CPI quer ouvir a explicação (veja bem, é convocação para depor, não se trata de acusação nenhuma), os defensores da Veja dizem que se trata de “vingança” contra a imprensa.
Quando se quer esclarecer se o eminente promotor Gurgel engavetou ou não o processo do Cachoeira, no seu início, fazendo chantagem com o senador Demóstenes, o promotor se justifica, falando em “desforra”, como se só isso fosse suficiente para nós, os imbecis, entenderem a resposta.