História da telefonia em Tapera
A telefonia chegou em Tapera no dia 20 de novembro de 1958, três anos após a sua emancipação. E já no primeiro ano como município, o prefeito Dionísio Lothário Chassot deu início às tratativas junto à Companhia Telefônica Nacional (CTN), que anos mais tarde viraria Embratel e depois Telebrás, no sentido de que Tapera tivesse telefone para que houvesse uma comunicação mais rápida sem a necessidade de deslocamentos para outros municípios.
No começo, foram instalados apenas 20 aparelhos, que eram caros, diga-se de passagem, e poucos conseguiam adquirir um; depois vieram mais 30, depois 50, mais 50 depois e o número de aparelhos foi aumentando paulatinamente.
A primeira equipe de funcionárias da telefônica local era composta pela Judith Henrich (gerente) e sua irmã, Terezinha. Elas ficaram à frente da mesma de 1958 até 1966. Um ano antes, em 1965, havia sido criada no Estado a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT).
Em 1966, assumiu a nova equipe de funcionárias, tendo Lilian Rosa Erpen Utteich como gerente e como auxiliares Terezinha Mânica e Miraida Viero, até 1974.
Mais tarde, uma nova equipe assumiu os trabalhos comandada pela Lilian, que tinha agora Liane Simon, Marisa Pasetti, Sirlei Zanatta e as irmãs Juraci e Maridete, cujos sobrenomes não é lembrado. Neste tempo, Tapera tinha em torno de 400 telefones.
A primeira telefônica funcionou numa casa de madeira que ficava na Avenida XV de Novembro, entre o prédio dos Bervian, onde está hoje a Kipresentes, a Palladio, e outros, e a antiga Prefeitura, onde hoje está o Centro de Eventos. O posto ficava na frente dela e nos fundos residia a Lilian com a sua família.
E a evolução das comunicações foi acontecendo. Em 25 de outubro de 1980 foi lançada a pedra fundamental do novo prédio da CRT que traria para Tapera os sistemas automáticos de ligação, sem a necessidade de pedir auxílio às telefonistas. Mas, o DDD (Discagem Direta à Distância) e o DDI (Discagem Direta Internacional) entraram em operação somente em 1984, naquele prédio onde está hoje a Agrotop Brasil, na mesma avenida, ao lado do Banrisul. Sem necessidade de telefonistas elas foram transferidas para Porto Alegre e Passo Fundo. Algumas preferiram se demitir da empresa por estarem casadas.
As telefonistas, que se revezam no trabalho 24 horas por dia, sentavam em uma mesa repleta de plugs usando fones de ouvido e aguardando as chamadas dos assinantes. No começo, a pessoa tirava o telefone do gancho e batia nele para acionar a servidora que ouvia o número desejado e fazia a chamada utilizando os plugs e um discador. As chamadas na cidade aconteciam na hora, mas as para fora demoravam um certo tempo. As ligações naquele tempo eram bem complicadas.
As mulheres enlouqueciam quando o pessoal batia demais no gancho do telefone porque dava um barulho muito grande nos ouvidos delas. E, educadamente, elas reclamavam da ação.
Lembro que em 1975, quando entrei no Tapera Bureau, que ficava ali onde está o prédio do Escritório Ritter, eu chegava às 07h30 para entregar as fichas do então INPS, hoje INSS, ao pessoal que esperava na fila para consultar, mas, antes de fazê-lo, eu pedia a telefonista uma ligação ao INPS, em Carazinho. A mesma era completada após às 11h. Havia dias em que a ligação não era completada. Imagine como era a situação naquele tempo se comparado com hoje, com a telefonia celular.
Quem não tinha telefone em casa precisava se deslocar até a telefônica e pedir a ligação. Depois das 20h elas eram mais baratas e a procura era maior, principalmente quem tinha familiar ou parente morando fora de Tapera. Imagina ter de esperar para fazer um contato. A pessoa pedia a ligação e aguardava pacientemente até ser chamada, pois havia fila e a ligação demorava. Quando ela era completada a pessoa se dirigia a uma cabine fechada com vidro na sua frente para falar. Após era cobrado o serviço, que não era barato. Algumas pessoas tinham sorte do seu vizinho ou um parente ter telefone em casa. Mas, a ligação era cobrada no final do mês. E os familiares ligavam para aquele número e a pessoa ia até a casa comunicar a vizinha ou parente de que havia uma ligação para ela. Imagina fazer isso hoje em dia.
Na antiga telefônica ou CRT, havia uma única cabine para atender a população. Já na nova elas eram três. Quando a Xmaster entrou no prédio as cabines ainda estavam lá, lembro.
Segundo a Lilian Utteich, testemunha viva dessa história e que me passou preciosas informações a respeito da telefonia no município, havia três empresários que deixavam as telefonistas loucas pelo excesso de ligações que pediam todos os dias e as xingavam pela demora das mesmas. Era normal os três “encomendar” ligações para o dia seguinte. Um deles era do ramo da construção civil, o outro de sementes e o terceiro do transporte, que nunca tinham paciência, segundo ela.
De acordo com a Lilian as ligações demoravam por uma série de motivos, que iam desde equipamentos até as condições climáticas. “Quando chovia ou ventava a coisa ficava feia para nós pela reclamação do pessoal”, disse ela.
Hoje, na hora que quiser e em qualquer lugar do planeta, você faz uma ligação para qualquer lugar dele e fala na hora.
A título de informação. Neste dia 10 de março comemorou-se o Dia do Telefone.

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