Blog do Sarico

Uma história de Tapera e do Café Diana


Eu conheço várias histórias de Tapera e a que vou contar agora envolve o Café Diana, o bar mais antigo e tradicional de Tapera, com mais de 75 anos de existência. E essa me foi contada pelo advogado e amigo Paulodir José Zanette, então garçom do Café, lá no longínquo ano de 1961, ano em que este escriba nasceu.

Contou o Paulodir que certo dia, estava se preparando para fechar o Café, por volta de 22h, quando chegou no local um grupo de amigos, vindo da galeteria que o Arno Presser, que anos mais tarde comandaria o próprio Café, tinha em uma das peças do prédio do City Hotel. Aquele pessoal jantou e rumou para o Café para tomar chope e cantar, certamente comemorando alguma coisa. O Paulodir não lembra o que. Chegando lá, intimaram ele a encostar duas mesas para que o grupo se acomodasse. Com eles havia um bandoneon, um saxofone, um violão e muita alegria e também sede, segundo o jovem garçom.

E entre um chope e outro e entre uma música e outra, o grupo foi espichando a festa. Passava das 04h quando o barril “roncou” e depois de um monte de chope, o grupo, que havia entrado pela porta da frente, deixou o local pela porta lateral, a que dá acesso à Rua Duque de Caxias. Lá fora, tocaram uma música de despedida, conversaram um pouco e resolveram retornar. Um deles, um conhecido empresário da cidade, pediu ao Paulodir para que providenciasse novas mesas e um novo barril de chope, pois a festa continuaria.

A certa altura da manhã, o empresário chamou o Paulodir e lhe disse que enquanto as “bolachas”, aqueles suportes para copo, não chegassem na altura do copo eles não iriam embora de lá. E a sede não parava e nem o chope e a música.

Às 07h15, quando o Curtume Mombelli apitou a primeira vez, alguns dos presentes se levantaram para ir trabalhar enquanto que outros ficaram mais um pouco. E a sede continuava e o coitado do Paulodir, que havia iniciado a sua jornada de trabalho no começo da tarde anterior, não se aguentava mais de sono e teve de ciceronear os festeiros por mais de 20 horas. No final das contas, passado das 08h, o Paulodir foi para casa, mas levou uma boa gorjeta do empresário, contou-me ele.

O engraçado, segundo o Paulodir, é que o dono do Café Diana, que residia na parte superior do prédio, quando chegou para trabalhar, se disse surpreso pois não havia ouvido nada do que ocorreu na noite anterior no seu estabelecimento.

Pedi ao Paulodir Zanette se ele sabia a origem do nome Café Diana e ele também não sabe. Está difícil de saber a origem dele. Muitas pessoas me perguntam, mas ninguém sabe.



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