Blog do Sarico

Lula no JN


Ontem à noite, foi a vez do ex-presidente Lula ser o entrevistado no JN, na Globo. Ele, diferente de Bolsonaro, que estava tenso, mostrou-se bem à vontade na frente dos entrevistadores e das câmeras, como se estivesse dialogando com o telespectador. O cara é liso.

Wiliam Bonner e Renata Vasconcelos começaram a entrevista falando sobre o assunto que já se imaginava que seria o carro-chefe da sabatina: a corrupção (Mensalão, Lava-Jato). E Lula, diferente de Bolsonaro, fez o seu mea culpa sobre os fatos atrelados a ele – mas não convenceu.

Questionado pelos entrevistadores, o ex-presidente falou, em um discurso inflamado, sobre as medidas que adotará, caso eleito, de combate à corrupção. Só que fica difícil falar em medidas anticorrupção, quando ele próprio estava envolvido na sujeirada toda, que foi comprovada até um período recente. Até porque, se os envolvidos confessaram a participação nos esquemas todos, devolvendo dinheiro, inclusive empresas, é porque a corrupção nos governos petistas, de fato, existiu. E isso não deve ser esquecido.

Porém, é muita hipocrisia da parte dele falar em medidas anticorrupção. Mas, vindo dele, não me espanta, dada a sua astúcia. E, falando nisso, o cara conseguiu “dobrar” os entrevistadores, com a sua falação e, inclusive, ao meu ver, as duas grandes estrelas do jornalismo nacional favoreceram o candidato, deixando-o falar por muito tempo, não o interrompendo a todo momento, como fizeram com Bolsonaro.

Outro ponto que me chamou atenção e que eu fiquei decepcionado foi o fato de os entrevistadores não terem tocado em outros assuntos polêmicos que fizeram parte do governo Lula, pois ele tinha muito a esclarecer ao povo. Ou seja: acabou sendo uma entrevista tranquila e ele não foi pressionado como deveria ter sido.

Além disso, diferentemente de Bolsonaro, a entrevista caminhou para que Lula pudesse falar um pouco sobre as perspectivas para o seu eventual futuro governo, abordando temas como economia, meio ambiente, relações internacionais.

E acho que ficou faltando questionarem ele sobre a questão da regulamentação da imprensa, que vem sendo defendida por ele (apesar de ele ter citado, em um dado momento de sua fala, no JN, que acha fundamental a liberdade de imprensa) – um tema muito caro à democracia, diga-se de passagem.

Enfim, levando em consideração o rumo da prosa, ficou bem evidente que a Globo é pró-Lula – o que é uma grande contradição, tendo em vista que, durante os oito anos de governo do petista, a emissora sempre “bateu” nele e, inclusive, contribuiu para o impeachment de Dilma Rousseff.

Mas, o fato é que ele, esperto como sempre, soube aproveitar o espaço que lhe foi concedido na maior emissora do país, com o seu tradicional discurso demagogo. E, dessa vez, a estratégia era voltar a sua fala para os eleitores indecisos, que é um eleitorado muito visado pelos candidatos, nessas eleições.

E, a título de comparação, segundo dados divulgados pelo IBOPE, a entrevista de ontem rendeu 31,3 pontos de audiência na Grande São Paulo (termômetro do mercado e do IBOPE), ficando apenas um ponto abaixo da entrevista realizada com o candidato Bolsonaro (PL) para o jornal, na segunda (22).

Feita a sabatina com os dois maiores nomes da política nacional, agora, resta saber se eles comparecerão ao tradicional debate proposto pela Globo, às vésperas da eleição. Acredito que essa será uma grande oportunidade para os eleitores indecisos se convencerem sobre qual caminho seguir.



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