Blog do Sarico

Silêncio na rede


Ontem, foi um dia atípico, no mundo todo. A queda do WhatsApp, Facebook e Instagram, por quase oito horas, causou pânico geral – parecendo um cenário pré-apocalíptico. Para se ter uma noção do impacto disso, houve queda na bolsa de valores e o dono dessas “gigantes da tecnologia”, o Mark Zuckerberg, chegou a perder o posto de 4º homem mais rico do mundo, em razão dos prejuízos financeiros que esse “apagão” ocasionou.

E não foi apenas o chefão dessas redes sociais que saiu perdendo: milhares de pessoas também tiveram enormes prejuízos financeiros, pois seus empreendimentos dependem diretamente das redes sociais – especialmente, o Instagram e o WhatsApp – que são utilizados como plataforma de vendas.

A partir disso, é possível perceber que as redes sociais deixaram de ser apenas uma ferramenta de entretenimento, para se tornar, também, um meio de exercer atividades econômicas. Mas, como toda tecnologia, essas plataformas estão suscetíveis a falhas – como a que ocorreu ontem – o que deixa bem claro que não podemos confiar integralmente nelas. Quem tem um comércio que opera virtualmente precisa ter um “plano B”, porque, a partir de agora, falhas e ataques à rede estão sendo cada vez mais comuns.

E, além dessa questão, a instabilidade nas redes escancarou a nossa total dependência em relação a elas – tanto no aspecto econômico e negocial, mas, principalmente, no aspecto psicológico e emocional. O fato é que a nossa vida não é a mesma de dez anos atrás, quando os smartphones ainda eram embrionários e as redes sociais não eram tão populares. Hoje, o celular nos faz companhia desde o despertar, passando pelo horário do almoço, até os últimos minutos antes de fecharmos os olhos, à noite. Isso sem falar nas inúmeras “espiadinhas” que damos, ao longo do dia de trabalho. Se tu chegar a ver qual é o tempo do teu uso diário do Instagram, por exemplo, tu vai te impressionar (é possível acessar as estatísticas da conta nas configurações do aplicativo)!

Estamos viciados no consumo de conteúdos virtuais, no acesso à informação – que, simplesmente, é infinita – e na comunicação, através da troca de mensagens. O nosso cérebro já não nos deixa ficar muito tempo longe das redes sociais, pois acaba nos transmitindo a sensação de abstinência e de que estamos perdendo de ver e presenciar algo. Sem falar que tudo se resumo ao imediatismo, ao “aqui e agora”. Se tu não visualizou uma mensagem no grupo do “Zap”, no instante em que ela foi enviada, tu perdeu todo o “fio da meada” da conversa.

E isso também diz muito sobre a (falta de) qualidade da comunicação que estamos tendo nos dias de hoje. Tudo se resume a respostas curtas (isso quando as palavras não são substituídas pelos “emojis” e por aquelas figurinhas); às mensagens de “bom dia” e de “boa noite”; e a piadas. Espaço para diálogo relevante, simplesmente, não existe mais.

O “apagão” de ontem nos fez lembrar algo interessante:

a) que existe internet fora do Facebook, do Instagram e do WhatsApp – pois existem outras ferramentas de comunicação e de acesso à informação que estão disponíveis na web ou fora dela, como é o caso do telefone – que, inclusive, teve gente que esqueceu da existência desse item;

b) E, principalmente, que existe vida fora das redes sociais!

Confesso que, apesar de todos os transtornos e inconvenientes da instabilidade dessas plataformas, para mim, foi terapêutico o silêncio de uma tarde toda sem receber nenhuma notificação no WhatsApp.



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