Blog do Sarico

Adeus a um amigão


Adeus a um amigo 1No sábado, no final da tarde, tocou meu telefone e do outro lado me informaram que o Paulo Maldaner havia falecido. Ele estava jogando no campo do Canarinho quando se sentiu mal. Foi levado ao Hospital São Jacob de Selbach, onde tentaram reanimá-lo, sem sucesso. Ele foi sepultado em Selbach, neste domingo, com grande acompanhamento. A AVECS, nosso time de veterano, prestou uma bonita homenagem ao seu eterno camisa 2 pela manhã. Fora da Casa Mortuária a velha guarda da equipe lembrou de várias passagens envolvendo o Paulo e muita risada foi dada. Foi a maneira que tivemos de lembrar do amigo e colega que acabara de nos deixar.

Não lembro quando conheci o Paulo “Maldana”, mas foi há muito tempo. Acho que foi logo após a fundação da AVECS, time que ajudei a fundar, no dia 08 de agosto de 1990. Depois disso nossa amizade só cresceu. E a cada jogo, almoço, janta ou encontro, era uma farra com muita risada e “pegação” no pé. Onde o Paulo estava era só alegria. Uma figuraça ele.

O Paulo não foi o melhor lateral direito que vi jogar, assim como eu não fui o melhor centroavante, mas estava sempre presente nos jogos, em casa ou fora, mesmo com geada. Eu dizia isso para ele e ele ria e devolvia dizendo que eu e ele éramos os alicerces da AVECS pela nossa “craqueza”. Imagine… O resto do time se entortava de tanto rir. O time era ele e mais 10, dizia. Podia não ter bola ou adversário, mas o Paulo estava lá, fardado. Era o primeiro a estar pronto.

O “Maldana”, junto com a esposa Neiva, estava sempre presente nos eventos da AVECS, seja participando ou colaborando. E nunca se recusava a participar ou ajudar. Era um parceirão daqueles. Sempre disponível.

E quando achávamos que ele iria parar de jogar bola, no final de cada ano, o homem aparecia no ano novo com chuteira nova e fazia questão de mostrar ao grupo, principalmente para mim, pois sabia que eu falaria algo a respeito e eu sempre falava. E ele ria. Todos riam.

Uma vez, num jogo em Linha Floresta, interior de Selbach, contra o Guarani, eu recebi uma bola “redonda” vinda da esquerda, que passou pelo zagueiro. Ajeitei o corpo e quando ia bater nela me surge o Paulo na minha frente para bater e me atropela. Não sei o que ele fazia lá na frente. Na sequencia erra o pé da bola, que sobra mansa para o goleiro. Ainda mais “louco”, ele parou, colocou as mãos na cintura, se virou para mim e lascou, cheio de razão: “Não fala nada. Tu não fala nada”. E voltou correndo para sua posição, vermelho que nem a camisa do Inter, de raiva. Eu, não sabendo o que fazer, também bravo, me ajoelhei e comecei a rir. E ele, lá atrás, olhando para mim, começou a rir. Virou gozação aquilo que durou a tarde toda.

O pessoal vai ter saudades, nos encontros da sede, do “Deixa eu fala, deixa eu fala…”, sua marca registrada. E quando ele dizia isso vinha uma boa logo em seguida.

O Paulo se foi deixando a esposa e o casal de filhos. Neiva, Leonardo e Valeska, o marido e pai de vocês foi um baita de um cara e fará muita falta também para seus amigos exatamente pela sua alegria, caráter, participação e seriedade. Ele cumpriu muito bem sua missão terrena e agora vai jogar ao lado do outro lateral da AVECS que também nos deixou cedo: o Elói Kolling.

Valeu, “Maldana”. Foi um prazer ter te conhecido e de ter sido teu amigo. Não foste um craque de bola, mas o fato de ter te conhecido e de ter convivido contigo foi maravilhoso. Vais deixar saudades no time, para a galera que muito gostava de ti e que sofre pela tua partida prematura. A gente se encontra um dia, amigão. Vá com Deus. E em paz.

A propósito da AVECS, a equipe completa hoje 26 anos. Parabéns a todos nós, em lágrimas.



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