Blog do Sarico

Audiência


tribunalNa segunda-feira (17), estive na primeira audiência do Jairo Paulinho Kolling, autor do homicídio do padre Eduardo Pegoraro, no Fórum de Tapera. Achei que o réu iria falar, para tentar explicar o que fez, porque a comunidade taperense, que gostava muito do seu pároco e também a família dele não entendem o porquê de sua morte. Nenhum motivo justifica tal ato.

Na audiência chamou minha atenção a coragem da Patrícia, ao relatar parte da intimidade do casal que viveu junto por 11 anos e tem dois filhos. Também a defesa, que a gente não sabe que linha tomará, e que, como de praxe, tentará de todas as formas absolver seu cliente ou diminuir sua pena, ao máximo, sempre afastando ele do foco central: o crime.

Outra coisa que chamou minha atenção foi o fato das testemunhas de defesa do Jairo se revezarem abonando sua pessoa, esquecendo o ato praticado, que o Ministério Público, assim como o povo, acredita que foi premeditado. E nenhuma delas disse saber o que foi que o motivou a praticar tal barbárie. Parece que uma ou duas das três testemunhas que faltam ser ouvidas fora do município, falarão sobre ele. Mas, terão de ter provas consistentes em mãos, pois correm o risco de se enrolar com a Justiça. Mas, sendo verdade ou não o tal adultério, não justifica a morte, a abreviatura da vida de uma pessoa carismática e amiga aos 33 anos de idade tendo uma vida toda pela frente?

O Direito é uma coisa de outro mundo, que somente quem trabalha nele sabe como são os seus muitos caminhos. Numa atividade normal existe um começo, um meio e um fim. No Direito é diferente, pois existe um começo, infinitos meios e um fim, que demora a chegar. Um processo parece uma longa escada que precisa ter todos os seus degraus alcançados, não importando o tempo que isso levará. Quem está de fora enlouquece com os vários jeitos e caminhos tomados, dentro e fora dos tribunais.

Ao Jairo, a quem conheço de longa data, peço, assim como todo o povo de Tapera, que reflita sobre o que fez naquela fração de segundos da manhã do último dia 22 de maio e que cumpra a jornada que lhe foi imposta a partir da sua opção. E que ele se prepare para encarar de frente o que vem por aí, os dois tribunais que enfrentará, e que arque com as consequências. E à família do padre Eduardo e à comunidade taperense resta dizer que é preciso continuar a caminhada, pois uma vez na estrada não existe retorno e que vamos em frente com quem estiver ao nosso lado para cumprirmos nossa missão.

Finalizando, me veio à cabeça a palavra futuro. E o que será que ele reserva a cada um de nós?



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