Blog do Sarico

Ilustre visita


Ilustre visita 1Na última terça-feira, às 16h, estive na Igreja Matriz de Tapera para rever uma velha amiga minha e de nossa família: Nossa Senhora da Conceição Aparecida, cuja imagem peregrina ficará entre nós até 15 de maio, participando da Festa de Maio, em homenagem à nossa padroeira Nossa Senhora do Rosário da Pompeia. Aparecida, Rosário da Pompeia, Lourdes, Fátima, Salete, Schoenstatt… Não importa, pois são todas a mesma pessoa: Nossa Senhora, a mãe de Jesus e nossa mãe.

Sentado na Igreja, no meu lugar costumeiro, fiquei ouvindo a manifestação dos padres e do prefeito e os cantos entoados e lembrei de minha mãe, Tecla, que nos deixou a dois anos e que era uma devota fervorosa da santa negra, que foi encontrada por pescadores, com uma rede e em dois pedaços, no rio Paraíba do Sul, em 1717. Portanto, daqui há dois anos comemoraremos 300 anos de sua aparição.

Dona Tecla tinha uma relação muito próxima com Nossa Senhora Aparecida, pois a santa a atendida quando solicitada. Impressionante aquilo. Tudo começou em 1985 com uma romaria ao Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida do Norte (SP). Minha irmã, Lizette, falecida há dois anos, vitimada pelo câncer, foi o motivo do início da peregrinação a SP. Sua doença surgiu pela primeira vez em 1984, em dezembro, próximo ao Natal. Após passar longo período em Porto Alegre, morando na casa de minha querida e saudosa madrinha, Maria Anonni, se tratando no Hospital Santa Lúcia da PUC, ela retornou a Tapera curada. Para agradecer a graça alcançada nossa mãe convidou sua amiga Glória Giotto, para ir a São Paulo pagar uma promessa à santa. O professor-doutor da UFSM, Enio Giotto, filho da dona Glória, acompanhou as duas. Eles foram de ônibus, de linha. De Tapera a Carazinho com a Helios, de Carazinho a São Paulo com a Pluma e de São a Paulo a Aparecida com a Pássaro Marrom. Isso aconteceu por quatro anos. No quinto, como a turma havia crescido consideravelmente e havia lista de espera, pediram a Tecla e a Lizette que fretassem um ônibus para que todos pudessem viajar, diretamente. E isso foi feito e o ônibus lotou rapidamente.

Nestes 30 anos de romaria que se completa neste ano, a Tecla e Lizette não foram em 5, sendo que as duas últimas por não estarem mais entre nós. Mas, a romaria continua, assim como continua a alegria e a integração da turma de romeiros que viaja, hoje dirigida pelo Nei Pereira, que por muitos anos foi o motorista da romaria. Eu mesmo fui mais de 20 vezes à Aparecida. A minha filha, Pillar, outra grande devota da “pretinha”, como nossa mãe chamava carinhosamente a sua amiga, é devota como ela.

Em 2005, quando completávamos 20 anos de romaria, dona Tecla estava de aniversário e eu não tinha dado nada a ela de presente. Na viagem ela me disse que gostaria de um dia levar a imagem ao altar no final da missa. Lá chegando, fui falar com os padres redentoristas, me identifiquei e falei com um deles, cujo nome não lembro, explicando-lhe a situação. Gentil e simpático, o padre me disse para levá-la até o altar, antes da missa, e dizer ao guarda que nós iríamos carregar a imagem. Nós sentamos no muro do altar e lá ficamos até que nos pediram para ir buscá-la nos fundos da basílica. Lá chegando, um padre veio até mim, com a imagem na mão e pediu quem de nós levaria a santa ao altar. Eu apontei para a Tecla e ele a entregou. A mãe, com os olhos marejados, pegou a imagem, delicadamente, e a beijou, olhando para ela como velhas amigas que se viam todos os dias. De lá, a levamos ao altar, sendo observados pela imagem original, a encontrada no rio, que fica de frente para o altar, protegendo a todos que estão lá. Ao final, levamos a imagem de volta e podemos tirar fotos com ela. E todos aproveitaram o momento e a graça.

Mas, a relação de Nossa Senhora Aparecida com a nossa família é bem mais antiga. Nos anos 70, nosso pai, caminhoneiro, viajava mensalmente ao Rio de Janeiro e São Paulo e quando na Via Dutra, vindo do Rio, em Aparecida do Norte, entrava a direita e ia até a basílica velha orar, pedir proteção e comprar lembranças da santa para dar aos familiares e amigos. Das imagens que ele nos trouxe tenho a primeira que ganhei dele e que até hoje está ao meu lado.

Essa relação que temos com Nossa Senhora Aparecida tem mais de 40 anos. E de tanto visitá-la, agora é ela quem vem me visitar. Uma pena não poder levá-la até a minha casa, mas não seria necessário pois ela já a conhece há muito tempo.

Seja muito bem vinda a minha cidade, minha santa. E proteja a todos nós, sempre.



Comentários

Comente


*