Blog do Sarico

Velocidade


Velocidade 1Andando por Tapera e vendo todo este asfalto tomando conta da cidade, lembrei dos tempos de piá, quando andava de carrinho de lomba pelas poucas ruas existentes aqui. A Avenida Dionísio Lothário Chassot, que antes chamava Rua Dom Pedro II, foi uma das primeiras por onde andei. Aliás, hoje, com o asfalto, pode-se andar em vários lugares na cidade. Um melhor que o outro, com a ajuda da topografia.

Quando criança, fazíamos carrinhos e nos aventurávamos pelas poucas ruas existentes em Tapera, ao menos onde era possível andar com eles, no meio de muito pó, barro e buracos. Lembro quando o calçamento chegou especialmente na Dom Pedro II. Primeiro, nossos carrinhos tinham rodas de madeira. Depois avançamos, diminuímos elas de tamanho até chegar aos rolamentos (ou rolimãs, como chamávamos) e a velocidade aumentou, assim como os estragos nos joelhos e cotovelos e também nas roupas e nas Kichutes, os “Nike” da época. E quase todo dia voltávamos para casa esfolados, com os joelhos em carne viva devido às quedas. Com o uso dos rolamentos a velocidade aumentou e nos obrigamos a melhorar nosso sistema de “freio”, que passaram do manual traseiro para o pedal dianteiro. Com os carrinhos ninguém mais queria saber de deslizar nos gramados com papelões das embalagens de geladeira, outra novidade da época, buscados na então Loja Maldaner e liberados pelo gerente Renato Pletsch. Tínhamos ainda o futebol, a caça, a pesca e os banhos de rios. Não tínhamos muito que fazer aqui naquele tempo, mas dávamos um jeito de nos divertir e passar o dia.

Com o passar dos anos a cidade começou a ser pavimentada (paralelepípedos) e os passeios públicos foram recebendo lajes. Só que havia um problema: os rolamentos provocavam barulho que irritava o pessoal. Levamos muitos corridões do pessoal por conta disso. E rolamento no paralelepípedo não dava. As mulheres quando vinham um carrinho surtavam.

Hoje, olhando todo esse asfalto na cidade fico imaginando como seria andar de carrinho de lomba em Tapera. Outra coisa que penso é, se essa gurizada que está aí, com toda essa tecnologia à disposição, coisa que nem sonhávamos em nossa época, andaria com um carrinho pelas ruas e avenidas. Acredito que não.

Já pensaram em Tapera um campeonato de carrinho de lomba? Poderiam criar um e premiar os destaques: mais bonito, mais original, mais rápido e mais lento e também o piloto mais rápido, mais jovem, mais velho e mais lento.

Todo este asfalto também poderia ser melhor aproveitado pelas pessoas e não somente pelos veículos.

Que vontade de pegar um carrinho e dar umas voltas nestas ruas e avenidas asfaltadas. Quem andou com um sabe do que falo. Cada vez que passo pela Rua Arno Presser, a que passa do lado do Posto de Saúde da Zona Sul, lembro deles.



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