O primeiro hidrante de Tapera
Essas fotos eu vi na parede da Corsan há alguns dias e elas chamaram minha atenção por dois motivos: 1º – Por que contam a história de Tapera, então com quatro anos de idade; e 2º – Por que falam do abastecimento de água no recém-criado município.
As fotos, tiradas em 1962, ao que parece, mostram o primeiro hidrante de Tapera, então com menos de cinco anos como município. Tapera era distrito – 4º – de Carazinho. Elas foram tiradas do canteiro da Avenida XV de Novembro, já pavimentada, e da calçada em frente à Praça.
Numa delas aparece a Igreja Matriz e o vazio que havia ao seu redor. Tapera era mesmo uma vila. Repare que, atrás da Igreja, o Pavilhão Católico, era de madeira. Bem mais tarde surgiu o Tenarião, obra construída pelo então pároco, padre Tenário Seibel.
E repare que a atual Praça Dr. Avelino Steffens não tinha absolutamente nada. Era “pelada” tendo apenas a “casinha” do primeiro poço de água do município, que ficava bem na frente da Igreja. E ao lado dela está a antiga Casa Canônica que apenas conheci o escritório do padre Tenário e a cozinha da grande casa. À esquerda da Igreja aparecem as residências dos Dallanora e dos Henrich. Hoje, no lugar estão um prédio e uma grande casa de alvenaria. Repare atrás, o vazio que havia na cidade onde hoje está o Bairro Progresso.
Ainda sobre esta foto. As tábuas que estão empilhadas na Praça foram utilizadas para quê?
Já a outra foto, aparecem a Casa das Correias, do Odilon Dias de Castro, pai do Dr. João Vianei, que invadia a Avenida José Baggio e que foi demolida para que a mesma fosse aumentada; e ao seu lado a casa onde funcionou por muito tempo a Delegacia de Polícia e onde foi a sede do Kings Club e também do Lions Club.
Atrás da Casa das Correias, encoberto, havia um pé de chorão bem no meio do cruzamento entre as atuais Rua Pedro Binni e Avenida José Bággio, quase na esquina da Corsan. O pé era muito bonito, um dos mais bonitos de Tapera e que precisou ser sacrificado para que a José Baggio fosse aumentada e pavimentada.
Na foto uma coisa também chama atenção. Repare no muro da Casa das Correias, próximo à escada, escrito à cal Hilário e Maldaner. Era a segunda eleição de Tapera – 1959 – vencida por João Maximiliano Batistella (PTB) tendo como vice Teodoro Júlio Erpen (PTB).
E quem seriam os quatro homens que parecem na foto? E o menino que aparece atrás deles, do outro lado da rua, na calçada?
Será que tem mais coisas que não foram observadas nas fotos?
Sempre achei que a área da frente, no fim da escada do pavilhão velho era enoorme, com degraus altos e imensos, e que fortaleciam mais ainda a expectativa de entrar no pavilhão, em dias de festa ou teatro (naquela época, dizíamos drama).
Agora, no entanto, vejo pela fotografia ampliada, que era muito pequena, desproporcional até para o tamanho do pavilhão.
Com certeza, eu é quem era pequeno…
Lembro também do pequeno cubículo do som, à esquerda de quem entrava, cuja janelinha a vegetação encobre. Ali era a sala de estar do Belonte Squizzi, que com seu pescoço torto e voz grossa, beneficiava todas as gerações com belas músicas em 78 r.p.m., escolhidas, oferecidas e personalizadas, através do próprio microfone do locutor, nas festas de maio.
Lembro também do cheiro de cerveja, principalmente nos dias de chuva, quando o piso de terra, coberto de maravalha fresca, reverberava no porão, onde se comia o churrasco. Ao pé da escada, o Máximo Sbabbo, eterno caixa da festa, fazia o troco para as bebidas.
E junto à cozinha, bem atrás da Igreja, as mulheres carneavam galinhas, patos e marrecos, que iriam ser consumidos durante a festa, e vendidos na cozinha do andar de cima, ao lado do palco.
Posso viver mais cem anos e nunca vou esquecer os momentos felizes da década de 50.